INFELIZMENTE, NINGUÉM LIGA PARA A ÁFRICA SUBSAARIANA

Gostei muito desse post do Guilherme Freitas, um Sociólogo que luta pela causa africana.

Escrito por Guilherme Freitas

Como sempre, a África subsaariana é deixada de lado pela mídia e pela comunidade internacional. É hora de acordar e olhar para a Costa do Marfim

por Guilherme Freitas
internacional@blogdacomunicacao.com.br

O mundo todo está acompanhando com atenção a reestruturação do Japão no pós-tsunami. Também estão de olho na ação de tropas militares ocidentais na Líbia, que enfrenta uma guerra civil. Também acompanham os violentos protestos que sacodem o mundo árabe, com destaque para o Bahrein e Iemen. Isso sem falar na passagem de Barack Obama pelo Brasil, que rendeu horas e horas nos canais de TV no mundo a fora. Mas será que ninguém notou que tem algo bem sério ocorrendo na Costa do Marfim? Aposto que muitos que estão lendo isso agora não sabem, mas tudo bem, isso é um fato. Ninguém liga para a África Subsaariana.

Uma das regiões mais importantes para a história da humanidade (afinal surgiu lá o primeiro ser humano), a África Subsaariana é composta dezenas de países. E muitos deles sofrem com problemas étnicos e políticos. Alguns vivem em democracias, mas muitos ainda vivem a sombras de ditadores e tiranos. A Costa do Marfim é uma dessas nações. O país de 20 milhões de habitantes, presidido por Laurent Gbagbo desde 2000, passa por uma séria crise política que já deixou mais de 400 mortos e pode acarretar em um conflito civil.

Costa do Marfim é no momento um barril de pólvoras – Crédito: Issouf Sanogo/AFP

A confusão começou após Gbagbo recusar o resultado da eleição presidencial de 2010, quando foi derrotado pelo oposicionista Alassane Ouattara. Gbagbo afirmou que o pleito foi fraudado e não deixou o cargo, ignorando recomendações das Nações Unidas. Uma tática conhecida de Chefes de Estados africanos. Além disso, ele incitou partidários contra o adversário e ameaçou lançar o país a uma nova guerra civil. Simpatizantes de Ouattara também reagiram e a ONU emitiu comunicado esta semana afirmando que uma carnificina pode acontecer no país. A Costa do Marfim já passou pelo inferno de um conflito interno entre 2002 e 2004, que impediu a eleição de 2005 se realizar (ocorreu apenas em ano passado).

Mas porque as potências não ajudam o país? Simples, a Costa do Marfim é um país pobre e com muitas divisões étnicas. De relevância internacional, ostenta o título de maior produtora de cacau do mundo. E não dá para comparar o cacau com o petróleo do Oriente Médio ou com a rica economia japonesa. O país será deixado de lado pela comunidade internacional e o mundo vai fechar os olhos até que milhares de vidas sejam ceifadas. É sempre assim que funciona.

O presidente marfinense Laurent Gbagbo, pivô da crise – Crédito: Divulgação

Adoro o continente africano e pretendo me especializar nele. Moçambique, país africano e ex-colônia de Portugal, foi meu foco de estudo na minha tese de conclusão na pós-graduação em Globalização. Estou planejando para ir ao país ano que vem e alguns amigos já me chamaram de maluco por querer ir a África. Entendem agora o que quis dizer no artigo agora. Ninguém liga ou quer ir para África. A comunidade internacional pensa do mesmo modo. Triste…