sábado, 4 de fevereiro de 2012

A sustentabilidade da falácia das sacolas plásticas

sábado, 4 de fevereiro de 2012
Em 25 de janeiro de 2012 entrou em vigor no estado de São Paulo, um lei proibindo os supermercados de todo o estado de fornecer de graça sacolas plásticas para consumidor suas compras. Desde então, as pessoas devem pagar pelas sacolinhas ou teriam que utilizar caixas de papelão, carrinhos de feira ou sacolas retornáveis (ecobags) para transportar as compras. À primeira vista uma atitude louvável em prol da sustentabilidade e futuro da Terra, tudo isso não passa de um teatro institucional, onde quem perde (sempre) é o consumidor.
A sustentabilidade da falácia das sacolas plásticas
O discurso contra as sacolas, principalmente aquelas de supermercado, gira em torno de sua origem (é feita com derivados de petróleo) e mal uso, quando descartadas de forma inadequada. Quando ocorrem enchentes, o acúmulo delas podem tapar bueiros e quando depositadas em mananciais de águas, podem sufocar peixes e outros animais.

Sacolas plásticas: bode expiatório ambiental

Mas a questão vai muto além disso. Se as autoridades, de todas as esferas, levassem o problema do descarte das sacolas (e por tabela, do lixo doméstico como um todo) bem mais a sério, não escolheriam as sacolas como bode expiatório de uma política de sustentabilidade só para inglês ver. É certo que o consumo de sacolas plásticas é muito alto no Brasil (na casa dos bilhões por ano), mas simplesmente podar essa a comodidade e higiene trazida pela modernidade numa canetada e sem deixar muita margem para as pessoas discutirem uma mudança de postura tão radical, não é das atitudes mais dignas de elogio.

Ecobags e caixas de papelão: apenas paliativos

As soluções propostas também estão longe de se equipararem à praticidade das sacolas. As ecobags retornáveis, além de seu custo, não são tão práticas assim, pois você teria que andar o tempo todo com uma, mesmo quando for fazer uma compra por impulso ou emergencial. Caixas de papelão não são higiênicas e são péssimas de manusear. Carrinhos são práticos, mas esbarram nas suas limitações de espaço, com o adendo de não poderem sequer serem dobrados e colocados na bolsa ou mochila. Por fim, tem as sacolas plásticas biodegradáveis, com tempo de decomposição muito mais curto do que as sacolas tradicionais, mas de custo bem alto, coisa que as grandes redes de supermercados não querem nem saber.
A escolha da sacola plástica como vilã do meio ambiente em muitos lugares não é mero acaso. É a parte mais visível do consumismo exagerado do tempos modernos, mas seria muito mais efetivo ações de educação para que a população aprendesse a descartar as sacolas plásticas corretamente (coisa que já acontece em parte, quando as usamos como sacos de lixo domésticos) do que simplesmente proibi-las. E tem também um componente forte de hipocrisia nessa história toda. Quase todos os artigos comprados por nós no comércio é embalado em algum tipo de plástico (isopor, inclusive), mas ninguém nunca pensou em bani-los. Com a proibição das sacolas plásticas, os supermercados passaram a cobrar por elas, repassando para o consumidor um custo que era deles e já estava embutido no preço da mercadorias. Adivinha se os preços cairão por conta disso?
A bem da verdade, essa atitude de proibir o fornecimento gratuito de sacolas e cobrar pelo uso delas é uma grande falácia, que só beneficia grandes redes de supermercados e políticos interessados em obter ganhos políticos com uma lei que supostamente beneficia o meio ambiente, mas que causa grandes transtornos à população. Esperem só para ver.
Artigo publicado por Ricardo Gadelha em 31/01/2012 às 4:08

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