O governo brasileiro anunciou recentemente a diminuição do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para as montadoras de automóveis. Para reduzir as perdas de receita, foi aumentado o IPI de outros produtos, como motocicletas, ar condicionados e bebidas.
De acordo com a equipe do ministério da fazenda, a medida tem como objetivo reaquecer o mercado de carros que vinha desacelerando desde o início do ano. Dessa forma, as montadoras estavam com muitos carros no estoque.
No contexto do início de ano, as montadoras para livrar-se dos carros estocados teriam que baixar os preços e diminuir a margem de lucro. Contudo, por uma razão ainda nebulosa, o governo achou por bem desonerar somente esse setor e possibilitar que as empresas reduzissem os preços sem perder lucros.
Não me parece razoável o argumento de que as montadoras fomentam uma cadeia que gera muitos empregos. Pela lógica, se o governo torna mais fácil comprar um carro, ele irá atrair os consumidores que estavam pensando em investir em outros produtos, ou seja, vai prejudicar outras cadeias produtivas e ceifar empregos da mesma forma.
Desonerações pontuais causam uma distorção no mercado e fomentam uma competição desonesta. Por exemplo, vendo que os preços dos carros estavam altos, as fabricantes de motos podem ter planejado ampliar seu estoque com o objetivo de atrair os consumidores de carros.
Mas eis que então o governo resolve desonerar o setor automotivo e, veja só, aumentar o imposto sobre as motos. E depois a equipe do governo aparece na mídia dizendo que o setor privado não investe porque não acredita no país. Isso parece justo para você?
Por fim, segundo o ministério da fazenda, essas medidas visam garantir um bom crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2012. Porém, posso garantir que não será a venda de carros que irá fortalecer o desenvolvimento do país. Para fomentar os investimentos privados, é necessário que o governo se faça menos presente (menos burocracia, menos taxação, menos desonerações que só privilegiam um setor etc) e não mais!
Leia abaixo mais matérias sobre os efeitos das desonerações pontuais:
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