sábado, 27 de outubro de 2012

Grandes Crises Mundiais - Crise Europeia

sábado, 27 de outubro de 2012
A União Europeia é caracterizada como um bloco econômico, político e social que prevê a livre circulação de pessoas e mercadorias e tem como principais objetivos melhorar as condições de vida e trabalho dos cidadãos, reduzir os desníveis sociais e econômicos entre os países membros, proporcionar ambiente de paz na Europa, promover o desenvolvimento sustentável, além de fomentar o desenvolvimento econômico dos países em desenvolvimento. No início de 2010 a UE era o maior bloco econômico do mundo, respondendo por 26% do PIB mundial.

Essencialmente heterogênea, a União Europeia é formada por países que apresentam níveis de desenvolvimento bastante distintos. No campo econômico, a criação da zona do Euro proporcionou uma transferência de credibilidade das maiores potências, Alemanha e França, para os demais países do bloco, que se beneficiaram de uma grande oferta de crédito a juros baixos, gerando má alocação de capital na região.

A falta de uma união fiscal e a inexistência de mecanismos que garantissem o cumprimento do Tratado de Maastricht, que previa entre outras questões, que os países não poderiam se endividar acima de 60% de seus PIB’s, fez com que o tratado fosse aos poucos ignorado e descumprido. Houve boom imobiliário na Espanha e de gastos públicos na Grécia, Portugal, Irlanda e Itália.
Para facilitar a entrada da Grécia na zona do Euro, as autoridades manipularam os resultados da economia fazendo-os parecer muito mais favoráveis do que a realidade. Como novo membro da UE a Grécia passou a tomar gigantescos empréstimos nos bancos europeus e a dívida alcançou índices bastante elevados. A situação se agravou a partir de 2004 com os investimentos para a realização das olimpíadas e pouco tempo depois o país entrou em recessão. Para tentar reaquecer a economia, o governo reduziu impostos, aumentou salários do funcionalismo, inchou a máquina estatal e distribuiu benefícios. Com o aumento do risco, os bancos aumentaram os juros para o financiamento da dívida, que se transformou numa gigantesca bola de neve.
Em fevereiro de 2010 o New York Times publicou uma reportagem sobre a difícil situação financeira na qual se encontrava a Grécia e sobre um suposto acordo do governo grego com o banco norte americano Goldman Sachs visando mascarar parte de sua dívida pública. A publicação levou a União Europeia a investigar o assunto, desencadeando uma onda de desconfiança nos mercados.
Os crescentes déficits orçamentários dos governos europeus eram agravados pelos desajustes previdenciários e cada vez mais pressionavam os cofres públicos, já combalidos pelos esforços para salvar o sistema financeiro do colapso de 2008, provocado pela Crise do Subprime. Na medida em que a crise se alastrou e os governos foram tendo dificuldades para emitir novos títulos, a gigantesca dívida dos países europeus ficou escancarada. Viram-se sucessivos rebaixamentos de classificação de risco dos títulos da dívida dos países mais endividados. A relação entre dívida e PIB dos países europeus estava extremamente elevada. As nações mais endividadas eram:

Estes países se encontram atualmente à beira do calote, com dívidas que juntas chegam a 3,6 trilhões de Euros e superam o PIB alemão que é de 3,3 trilhões. Os bancos europeus estão repletos de títulos incobráveis, estimados em 4,5 trilhões de dólares.
  
Os países europeus gastaram demais e chegou a hora de pagar a conta. 

A França, ainda que em situação mais favorável, apresenta déficit fiscal e dívida respectivamente equivalentes a 7% e 80% do PIB. Para alcançar o equilíbrio financeiro até 2016, o país anunciou uma série de medidas para equilibrar suas contas, que exige alguns sacrifícios da população, contando com aumento de impostos, aumento da idade mínima de aposentadoria para 65 anos e congelamento de salários do poder executivo.
Primeiro país a receber ajuda financeira através de dois pacotes que somam mais de 200 bilhões de Euros, a Grécia tem promovido corte de salários do funcionalismo público e pensões, aumento da idade mínima de aposentadoria para 64 anos e aumento de impostos. Os bancos se viram obrigados a anunciar o perdão de mais de 50% do valor da dívida grega. Novos pacotes de ajuda foram formulados para Irlanda (85 bilhões de Euros) e Portugal (78 bilhões de Euros), que também adotam políticas de cortes de gastos e aumento de impostos. A Espanha congelou as aposentadorias e aumentou a idade mínima de aposentadoria para 67 anos. A Itália anunciou um corte de 54 bilhões de Euros nos gastos públicos. Estes planos de austeridade são exigências impostas pelo FMI e Banco Central Europeu, em contrapartida ao plano de resgate que vem sendo formulado e posto em prática desde o estouro da crise.
A crise da zona do euro derrubou uma série de governos dos países atingidos. O corte de gastos públicos, de benefícios sociais e salários do funcionalismo leva ao enfraquecimento do modelo do bem estar social europeu, desencadeando uma onda de protestos que se espalhou por diversos países da Europa. Os países fragilizados pelas altas taxas de desemprego ficam expostos ao aumento da violência. É percebida no continente uma forte ascensão da extrema direita, da xenofobia e de grupos neonazistas. Nota-se o aumento das manifestações contra estrangeiros, endurecimento das leis de imigração e crescimento das repatriações, embora os governos neguem se tratar de uma expulsão em massa. Na Itália, a imigração ilegal se tornou crime com multa de ate 10 mil euros. A Dinamarca se tornou o primeiro país a romper com o acordo de Schengen que permite a livre circulação de pessoas entre 30 países da Europa.
Com a adoção de políticas de austeridade fiscal, como é possível fomentar a volta do crescimento econômico no continente europeu? Este tipo de política é duro para a sociedade e desestimula o crescimento econômico, fazendo com que a com que a recessão se aprofunde. São necessárias medidas para estimular o consumo de forma que os países voltem a crescer e criem condições de pagar suas dividas.
As teorias econômicas atuais são vistas como insuficientes. O modelo mais recente, proposto por Keynes defende a atuação do governo como agente de controle da economia com o objetivo de conduzir e manter um sistema de pleno emprego, sendo assim um dos grandes propulsores do crescimento econômico aliado à iniciativa privada. Sem recursos financeiros, a atuação do governo fica bastante limitada nestes países em crise. Cresce a sensação da necessidade do surgimento de novas teorias econômicas capazes de solucionar este dilema e tirar a Europa e o mundo da situação na qual se encontram.
Para muitos, salvar o Euro significaria uma maior unificação da Europa, a existência de um “parlamento” europeu, uma união fiscal do continente, a criação dos “Estados Unidos da Europa”, um governo unificado.
Se os países atingidos pela crise não forem capazes de cumprir com seus compromissos, poderão arrastar todos os demais para o desastre. A crise de liquidez é uma ameaça constante. É necessário um forte aumento do fundo de estabilização da União Europeia, que soma 440 bilhões de Euros e não faz frente ao tamanho das dívidas dos países membros. A economia mundial se vê diante de uma crise econômica que pode se tornar a mais profunda de todos os tempos. O sistema financeiro mundial está novamente à beira da desintegração.
Fonte: http://investidorderisco.blogspot.com.br/2012/07/grandes-crises-mundiais-parte-viii.html

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