
Essencialmente heterogênea, a União Europeia é formada por países que apresentam níveis de desenvolvimento bastante distintos. No campo econômico, a criação da zona do Euro proporcionou uma transferência de credibilidade das maiores potências, Alemanha e França, para os demais países do bloco, que se beneficiaram de uma grande oferta de crédito a juros baixos, gerando má alocação de capital na região.
A falta de uma união fiscal e a inexistência de mecanismos que garantissem o cumprimento do Tratado de Maastricht, que previa entre outras questões, que os países não poderiam se endividar acima de 60% de seus PIB’s, fez com que o tratado fosse aos poucos ignorado e descumprido. Houve boom imobiliário na Espanha e de gastos públicos na Grécia, Portugal, Irlanda e Itália.
Para facilitar a entrada da Grécia na zona do Euro, as autoridades manipularam os resultados da economia fazendo-os parecer muito mais favoráveis do que a realidade. Como novo membro da UE a Grécia passou a tomar gigantescos empréstimos nos bancos europeus e a dívida alcançou índices bastante elevados. A situação se agravou a partir de 2004 com os investimentos para a realização das olimpíadas e pouco tempo depois o país entrou em recessão. Para tentar reaquecer a economia, o governo reduziu impostos, aumentou salários do funcionalismo, inchou a máquina estatal e distribuiu benefícios. Com o aumento do risco, os bancos aumentaram os juros para o financiamento da dívida, que se transformou numa gigantesca bola de neve.
Em fevereiro de 2010 o New York Times publicou uma reportagem sobre a difícil situação financeira na qual se encontrava a Grécia e sobre um suposto acordo do governo grego com o banco norte americano Goldman Sachs visando mascarar parte de sua dívida pública. A publicação levou a União Europeia a investigar o assunto, desencadeando uma onda de desconfiança nos mercados.
Os crescentes déficits orçamentários dos governos europeus eram agravados pelos desajustes previdenciários e cada vez mais pressionavam os cofres públicos, já combalidos pelos esforços para salvar o sistema financeiro do colapso de 2008, provocado pela Crise do Subprime. Na medida em que a crise se alastrou e os governos foram tendo dificuldades para emitir novos títulos, a gigantesca dívida dos países europeus ficou escancarada. Viram-se sucessivos rebaixamentos de classificação de risco dos títulos da dívida dos países mais endividados. A relação entre dívida e PIB dos países europeus estava extremamente elevada. As nações mais endividadas eram:
Estes países se encontram atualmente à beira do calote, com dívidas que juntas chegam a 3,6 trilhões de Euros e superam o PIB alemão que é de 3,3 trilhões. Os bancos europeus estão repletos de títulos incobráveis, estimados em 4,5 trilhões de dólares.
Os países europeus gastaram demais e chegou a hora de pagar a conta.
A França, ainda que em situação mais favorável, apresenta déficit fiscal e dívida respectivamente equivalentes a 7% e 80% do PIB. Para alcançar o equilíbrio financeiro até 2016, o país anunciou uma série de medidas para equilibrar suas contas, que exige alguns sacrifícios da população, contando com aumento de impostos, aumento da idade mínima de aposentadoria para 65 anos e congelamento de salários do poder executivo.
A França, ainda que em situação mais favorável, apresenta déficit fiscal e dívida respectivamente equivalentes a 7% e 80% do PIB. Para alcançar o equilíbrio financeiro até 2016, o país anunciou uma série de medidas para equilibrar suas contas, que exige alguns sacrifícios da população, contando com aumento de impostos, aumento da idade mínima de aposentadoria para 65 anos e congelamento de salários do poder executivo.


Com a adoção de políticas de austeridade fiscal, como é possível fomentar a volta do crescimento econômico no continente europeu? Este tipo de política é duro para a sociedade e desestimula o crescimento econômico, fazendo com que a com que a recessão se aprofunde. São necessárias medidas para estimular o consumo de forma que os países voltem a crescer e criem condições de pagar suas dividas.
As teorias econômicas atuais são vistas como insuficientes. O modelo mais recente, proposto por Keynes defende a atuação do governo como agente de controle da economia com o objetivo de conduzir e manter um sistema de pleno emprego, sendo assim um dos grandes propulsores do crescimento econômico aliado à iniciativa privada. Sem recursos financeiros, a atuação do governo fica bastante limitada nestes países em crise. Cresce a sensação da necessidade do surgimento de novas teorias econômicas capazes de solucionar este dilema e tirar a Europa e o mundo da situação na qual se encontram.
Para muitos, salvar o Euro significaria uma maior unificação da Europa, a existência de um “parlamento” europeu, uma união fiscal do continente, a criação dos “Estados Unidos da Europa”, um governo unificado.
Se os países atingidos pela crise não forem capazes de cumprir com seus compromissos, poderão arrastar todos os demais para o desastre. A crise de liquidez é uma ameaça constante. É necessário um forte aumento do fundo de estabilização da União Europeia, que soma 440 bilhões de Euros e não faz frente ao tamanho das dívidas dos países membros. A economia mundial se vê diante de uma crise econômica que pode se tornar a mais profunda de todos os tempos. O sistema financeiro mundial está novamente à beira da desintegração.
Fonte: http://investidorderisco.blogspot.com.br/2012/07/grandes-crises-mundiais-parte-viii.html
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