Ser capaz de analisar conceitos de política, ética e moralidade, estado
de natureza, contrato social e estado de sociedade é o primeiro passo
para conseguir bons resultados em filosofia e sociologia nos grandes
vestibulares. O UOL consultou professores sobre os dez conteúdos dessas disciplinas que mais caem nos exames.
Esse é o sétimo roteiro de uma série que trará o guia de estudos de uma disciplina por dia.
Para Gianpaolo Dorigo, professor do cursinho Anglo, questões dessas
matérias são uma novidade em provas do Estado de São Paulo. Apesar de
ainda não possuírem um "perfil" claramente definido, ele destaca a
exigência de leitura e entendimento de texto, estabelecimento de
vínculo com a atualidade e conhecimento de alguns aspectos dos autores
mais tradicionais.
Confira a seguir, um compilado com
dez temas importantes mencionados pelos professores dos cursinhos CPV
(Patrícia Garmendia), Oficina do Estudante (Heitor Sayeg) e do colégio
Magnum (Leonardo Oliveira de Vasconcelos).
- Movimentos sociais (movimentos estudantis de 1968, "Diretas Já" em 1984, Caras Pintadas em 1992, e em 2013).
Segundo Leonardo Vasconcelos, do Magnum, é importante nesse tema os estudantes saberem diferenciar agrupamentos de movimentos.
"O primeiro não tem uma organização. A essência de um movimento, por
sua vez, é um protesto por alguma causa, não contra uma pessoa",
analisa.
Há ainda a probabilidade de pedir relações entre os movimentos desse ano no Brasil e a Primavera Árabe,
na opinião do professor Sayeg, da Oficina. "Não acredito que vão cobrar
teóricos específicos, porque é muito denso. Acho que será mais no
sentido estrutural. Fazer relações entre esfera pública e privada",
diz.
Sayeg define esse tema como um dos mais importantes, principalmente
para o Enem e alguns vestibulares do Paraná e Santa Catarina. Pode cair
para o aluno fazer relações com a sociedade contemporânea –
midiatização, meios de comunicação, alienação, mercantilização da vida
(tornar tudo um desejo).
"Há aqui aquela crítica que conhecemos
bem a respeito do consumismo de uma indústria cultural", diz
Vasconcelos. Para ele, o que o aluno não pode deixar de notar é o
consumo pelo consumo, o consumo para existir, que é a grande chave da Escola de Frankfurt.
"Para eu me sentir vivo, existente como ser humano, tenho que consumir. Dá para fazer uma brincadeira com aquela frase de Decartes: consumo, logo existo", comenta.
- A ação social no conceito de Max Weber.
Para o professor do Magnum, Weber é um sociólogo que tenta enxergar
dentro da sociedade a influência das relações sociais, que podem
desencadear problemas econômicos ou políticos. "Quanto mais o sujeito
consegue perceber ter uma ação, melhor para a sociedade. As maiores
dificuldades nas sociedades são ocasionadas por ações emotivas, ou seja,
não deliberadas", analisa.
O que pode cair na prova, segundo
Sayeg, são situações para serem relacionadas com ação racional relativa a
fins, ação racional relativa a valores, ação afetiva e ação
tradicional.
- As novas relações de trabalho.
Nesse tema, o aluno deve ter compreensão do que está acontecendo na
sociedade e ser capaz de estabelecer relações sobre a flexibilização das
leis trabalhistas dentro de um conceito de globalização e estruturas
produtivas, com o aumento da especialização técnica. "Na atualidade o
conhecimento se torna obsoleto muito rapidamente, por isso há a
necessidade de constante atualização", diz o professor do Magnum.
"Os três [Sócrates, Platão e Aristóteles] são
a base do conhecimento ético da política mundial. São os pais da
elaboração das teorias políticas. São eles que apontavam soluções, que,
na época, eram novidade", diz Vasconcelos.
O professor explica que eles vão tentar enxergar a esfera política conciliando com a ética, oposto de Maquiavel, que diz que nem sempre o governante deve ser ético.
Roberto Accorsi, professor de filosofia da Oficina, diz que política é
dependente de ética e oralidade, e acredita que Aristóteles seja mais
associado à ética e Platão, à política.
Tema campeão nos vestibulares: Estado de natureza, contrato social e estado de sociedade para Hobbes, Locke e Rousseau.
O professor do Magnum acredita que aluno deverá definir relações entre
estados de natureza, principalmente de Hobbes e Rousseau. "O primeiro
acredita que o homem já nasce egoísta por causa do medo da morte
violenta; já Rousseau acredita que no estado de natureza ele é bom, e a
partir da ideia de propriedade privada vai aparecendo o egoísmo", diz
Vasconcelos.
Nos três há também a ideia das leis serem o senhor de um Estado.
- Relação da fé e da razão (São Tomás de Aquino).
Na sua concepção aristotélica, São Tomás de Aquino propõe uma harmonia
entre corpo e alma, fé e razão, Estado e Igreja. O papel da razão seria
demonstrar e ordenar os mistérios revelados pela fé. "A grande sacada é
perceber nele essa harmonia", diz o docente do Magnum.
- Conceitos de Karl Marx.
Conceitos de mais-valia, alienação do indivíduo social e materialismo histórico.
"Marx enxerga a história como uma luta de classes e propõe o debate sobre qual é o sentido de trabalhar só para sobreviver", diz Vasconcelos.
- Conceitos de Émile Durkheim.
Ter domínio de conceitos como fato social e solidariedade mecânica e orgânica.
Vasconcelos diz que "segundo Durkheim, para compreender os problemas
sociais é necessário entendê-los como coisas, fatos sociais".
- Conceitos de Jürgen Habermas.
Distinção entre esfera pública
e privada e atuação do individuo. Relações de poder Estado-política. "O
aluno [precisa] perceber a questão da importância do viver em
sociedade, delimitado para uma ética do discurso", diz Leonardo.
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