domingo, 31 de julho de 2011

A Sociologia e o Futebol

domingo, 31 de julho de 2011

Os numeros reais de torcida no Brasil

Achei interessantíssima essa matéria do blog do Odir sobre as torcidas que se auto consideram nações e resolvi posta-lá na integra para uma analise profunda do numero real de torcedores.


No último jogo do alvinegro da capital, uma imensa faixa, produzida pelo departamento de marketing do clube, foi estendida no tobogã com os seguintes dizeres: “Uma nação com mais de 30 milhões de habitantes”. Ora, esta informação está longe de ser verdadeira, mas faz parte do plano de se criar uma grandeza para justificar os favorecimentos.
Como justificar que os governos municipal e estadual de São Paulo, diante de tantas urgências sociais, como hospitais, escolas, moradia, reservem centenas de milhões de reais para se construir o estádio de um clube? Como justificar a cota maior paga pela tevê? Ou a verba maior que o clube pede pela publicidade em sua camisa? Ou os privilégios da CBF?
Assim, a mentira de que o time tem 30 milhões de torcedores precisa ser repetida, repetida, até que todos acreditem nela (acho estranho que alguns jornalistas corintianos, que se julgam inteligentes, não contestem esta informação, ou, convenientemente, finjam não refletir sobre ela).
Outros detalhes preocupantes desta faixa é a tendência, facista, de transformar uma torcida de futebol em instituição independente, com leis próprias. Expressões como “república popular” e “nação” fogem do contexto esportivo e entram no campo político.
Quanto aos números reais do universo de torcedores brasileiros, uma análise, mesmo superficial, já mostra que eles são muito mais discretos do que alguns gênios populistas do marketing querem nos fazer crer.
O Brasil, segundo censo do ano passado, tem 190 milhões de habitantes. A grande maioria destas pessoas não dá a mínima para o futebol. Não acompanha o esporte, não vai a estádios, jamais comprou uma camisa de clube ou possui qualquer objeto ligado a um time de futebol.
Pesquisas às quais eu tive acesso há uns seis anos mostravam que apenas 20% dos brasileiros eram, efetivamente, torcedores do futebol. Digamos que houvesse grande margem de erro e que esta porcentagem fosse de 30%. Ainda assim o número real de torcedores de um time é bem menor do que os marqueteiros apregoam.
Só duas torcidas no Brasil?!
Trinta por cento da população do Brasil significa 57 milhões de pessoas. Veja que só por esta primeira informação, a conta do alvinegro paulistano já não bate. Se só ele tem 30 milhões, e se está atrás do Flamengo, então chegaríamos à inacreditável conclusão de que ambos congregam mais do que todos os torcedores brasileiros. São-paulinos, palmeirenses, vascaínos, cruzeirenses, santistas, atleticanos, colorados, tricolores, botafoguenses, seriam apenas frutos de uma ilusão coletiva.
Na verdade, este total de, na melhor das hipóteses, 57 milhões, é que deve ser dividido entre os muitos clubes do Brasil. E aí vem outro erro contumaz: o de imaginar que os grandes clubes de Rio e São Paulo têm a maior parte dos torcedores em todas as regiões do País.
Sabe-se que nos Estados nos quais o futebol tem maior projeção – como Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Ceará, Paraná, Goiás, Santa Catarina –, os times locais possuem as maiores torcidas.
Com a tendência cultural da regionalização, as pessoas estão passando a torcer, prioritariamente, para clubes de sua cidade ou estado, o que acabará restringindo o universo dos torcedores dos grandes times.
Os números reais das torcidas no Brasil são bem mais fragmentados do que se pode imaginar. As diferenças não são tão grandes como as pesquisas “oficiais” fazem acreditar. A Timemania, que todas as semanas consulta milhões de brasileiros sobre o seu “time do coração”, mostra as porcentagens com uma precisão bem maior.
No resultado acumulado deste ano, que já está para completar o seu sétimo mês, todos os times mais populares aparecem, porém o percentual de cada um está longe de ser tão discrepante como querem algumas “pesquisas”. Veja:
Timemania – Apostas acumuladas de 2011 e valor devido aos clubes
1º FLAMENGO RJ 2.477.519 6,28%
2º CORINTHIANS SP 1.867.765 4,73%
3º SANTOS SP 1.505.782 3,82%
4º GREMIO RS 1.438.058 3,65%
5º SAO PAULO SP 1.434.483 3,64%
6º PALMEIRAS SP 1.407.183 3,57%
7º INTERNACIONAL RS 1.281.423 3,25%
8º VASCO DA GAMA RJ 1.207.376 3,06%
9º BOTAFOGO RJ 1.071.093 2,72%
10º CRUZEIRO MG 1.054.432 2,67%
11º FLUMINENSE RJ 1.015.828 2,58%
12º ATLETICO MG 874.968 2,22%
13º BAHIA BA 863.009 2,19%
14º FORTALEZA CE 718.357 1,82%
15º GOIAS GO 597.585 1,51%
16º CORITIBA PR 580.082 1,47%
17º CEARA CE 579.728 1,47%
18º VITORIA BA 564.869 1,43%
19º ABC RN 559.167 1,42%
20º ATLETICO PR 492.736 1,25%
Alvinegro paulistano não chega a sete milhões de torcedores
Por maior que seja margem de erro da Timemania como pesquisa, por mais que tenha aumentado a quantidade de brasileiros que se ligam no futebol e torcem por um time, ainda assim é muitíssimo improvável que o alvinegro da capital tenha mais do que 6,5 milhões de torcedores em todo o país. Com a maior das boas vontades poderia se chegar a sete milhões, ou seja, um pouco mais do que o seu resultado na Timemania.
Quanto ao Santos, deve alcançar, no máximo, 4,5 milhões de torcedores. Sei que o marketing santista divulga um número maior. Para todos os grandes clubes, na verdade, é proveitoso superdimensionar os integrantes de suas “nações”, pois com eles vêm a valorização da marca. Mas a realidade é bem outra.

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