quarta-feira, 10 de agosto de 2011

BELO MONTE, MAIS UM BELO REMENDO NO PAÍS DOS REMENDOS

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Entre 1975 e 1980 teve início os estudos de Inventário Hidrelétrico da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu, no estado do Pará, assim como os estudos de viabilidade técnica. Nascia assim o polêmico projeto de construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.
Já na década de 80 existiam pessoas contrárias a tal projeto, principalmente os habitantes da área a ser inundada, como os índios que, incorfomados, participaram de um encontro com o presidente da Eletronorte, José Antônio Muniz. Nesse encontro também estava presente o cantor Sting, e oque se viu foi o desespero daqueles índios em pensar em ter suas terras inundadas, e então a índia Tuíra levantou-se da platéia e encostou a lâmina de seu facão no rosto de Muniz, cuja cena foi parar em todos os meios de comunicação da época.
O PROJETO

Projetada para ser a 3ª maior hidrelétrica do mundo (1º Três Gargantas – China, 2° Itaipu – Brasil/Paraguai), Belo Monte irá produzir 11.223MW de eletricidade, salvando o Brasil de novos risco de apagões.


Considerada uma obra estratégica pelo governo federal, o relatório de impacto ambiental contém mais de 20.000 páginas, sendo proposto o barramento do Rio Xingu por meio de 2 canais que desviarão o leito do rio, com escavações que podemos comparar a obra da construção do canal do Panamá, sendo a área alagada de 516km², equivalente a 1/3 da cidade de São Paulo.
PROBLEMAS DE EXECUÇÃO ENERGÉTICA

Infelizmente em nosso país não há por parte do governo federal uma única ação se quer que vá realmente resolver algum problema, e sim apenas remendos que só servem para jogar dinheiro público no ralo. Antigamente eu achava que isso se devia a ganância, a oportunidade de enriquecimento ilícito, porém hoje eu acho que é apenas incompetência mesmo.

Se analizarmos bem, Belo Monte não terá capacidade de gerar os 11.223MW de energia, pois no período da estiagem o volume do rio diminui consideravelmente, sendo possível no máximo a geração de 4.428MW.

Outro ponto falho é a distância da usina até os centros consumidores, cerca de 5.000Km. A essa distância, boa parte da energia produzida será perdida na sua transmissão. Ou seja, Belo Monte praticamente se tornará um elefante branco.

PROBLEMAS AMBIENTAIS

Aqui chegamos ao ponto mais importante desse post, até que ponto é justificável uma obra, que dizem ser de fundamental importância, mas feita as custas de enormes desastres ambientais?

Posso listar aqui a vida animal que será ceifada da área inundada, nada menos do que 259 espécies de mamíferos, 440 espécies de aves, 387 espécies de répteis e 174 espécies de peixes, e temos que levar em consideração que muitos desses animais são endêmicos, ou seja, só existem naquela área, e outros tantos estão em extrema ameaça de extinção.

No trecho de vazão reduzida, por exemplo, que se estende por uma área de 100km do rio,  os impactos sobre a vida aquática será totalmente irreversível. Na bacia do Rio Xingu existe uma enorme biodiversidade de peixes, cerca de 4 vezes mais do que em toda a Europa, isso devido, em grande parte, as barreiras geográficas das corredeiras e pedrais existentes ali, que com o sistema de eclusa da hidrelétrica podem se romper, causando o desaparecimento de todas essas espécies de peixes e quelônios.

Outro fator ambiental são as numerosas variedades de plantas da área, que se perderão pela inundação, assim como por desmatamentos, já que ali deverá circular cerca de 100.000 pessoas, e não há nenhum projeto de reflorestamento em áreas em que se poderia fazê-lo.

IMPACTO SOBRE A POPULAÇÃO INDÍGENA

Na área a ser construída a Usina de Belo Monte vivem cerca de 13.000 índios, de 24 grupos étnicos. A usina significa a condenação dessas pessoas e de sua riquíssima cultura.

Apesar de o projeto apresentar as principais obras fora das terras indígenas, a obra trará impactos ambientais graves, que serão sentidos principalmente por esses índios, que tiram seu sustento da natureza. Além disso haverá enorme desmatamento na área, além do risco de ocupação desordenada da floresta. Todos esses fatores prejudicaram irreversivelmente a população indígena do Xingu, sem peixes como eles irão sobreviver?

Outro problema para os índios será o abastecimento de água, pois o trecho de Vazão Reduzida ao longo de 100km de rio irá reduzir drasticamente a oferta de água potável.

Na região existem grupos de índios isolados, que quase não tem contato com o homem branco e estão a margem dessa imensa discussão, e por incrível que pareça, praticamente não foram mencionados no parecer técnico da FUNAI. E ai, alguém irá lá fazer contato com eles e explicar a situação, ou deixarão a água inundar tudo e a morte chegar para esses brasileiros?

O projeto de Belo Monte está cercado de incertezas, como ausência de estudos mais elaborados sobre o impacto ambiental, o alto custo da obra, e o problema do período de estiagem do Rio Xingu.

No final de 2009 o IBAMA emitiu parecer contrário a conclusão, pela falta de estudos sobre o impacto a biodiversidade da região, porém o governo federal tratou de esconder essa informação da opinião pública. No início de 2010 foi dada a licença para a construção da Usina de Belo Monte, mesmo passando por cima de toda a perda da biodiversidade, da cultura indígena e do problema em relação às comunidades de índios isoladas na área.

Infelizmente no Brasil é assim, ganha-se a eleição que tem mais tempo de exposição na TV, pois nosso povo ainda não aprendeu a ter consciência política, é muito fácil votar em quem já está na frente nas pesquisas, e depois disso, temos que conviver com os remendos, que nunca foram tantos “na história desse país”.

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