sábado, 20 de agosto de 2011

Especial ENEM 2011- Dossiê Londres - parte 1

sábado, 20 de agosto de 2011

Entre a violência juvenil e revolta social

José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Atos de vandalismo ou reação dos excluídos do mundo globalizado? Crimes de gangues ou reflexos da crise financeira que afeta toda a Europa? Uma semana depois, especialistas ainda tentam explicar as razões para os cinco dias de tumultos que tomaram conta de Londres e outras cidades da Grã-Bretanha.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

Entre os dias 6 e 10 de agosto, os ingleses viveram os maiores distúrbios de rua desde confrontos ocorridos em Brixton, em 1995. Grupos de jovens atearam fogo em prédios e veículos, saquearam lojas e enfrentaram a polícia com bombas caseiras.

A onda de violência deixou cinco mortos. Milhares de pessoas foram detidas e mais de mil suspeitos indiciados por crimes. Os prejuízos causados às cidades são estimados em 200 milhões de euros (aproximadamente R$ 460 milhões).

O estopim foi a morte de Mark Duggan, um homem negro de 29 anos e pai de quatro filhos. Duggan foi morto a tiros por policiais em Tottenham, região norte de Londres, em 4 de agosto. Segundo a polícia, ele estava armado e teria reagido à prisão quando entrava em um táxi.

Em protesto, cerca de 120 pessoas fizeram uma marcha no dia 6 de agosto. Entre os manifestantes estavam parentes de Duggan, que pediam a apuração do caso. A marcha, que começou pacífica, terminou com ações de vandalismo promovidas por grupos de adolescentes. Eles atacaram bancos, lojas e prédios, queimaram veículos, realizaram saques e enfrentaram a Polícia Metropolitana de Londres (a Scotland Yard).

Entre 7 e 10 de agosto, os ataques se espalharam por outros bairros, como o Oxford Circus, importante centro turístico, e cidades como Birmingham, a segunda maior do país. De acordo com a imprensa londrina, a falta de uma resposta mais enérgica da polícia, que inicialmente tratou o caso como isolado, teria agravado a crise.

Para organizar os protestos, os rebeldes usaram redes sociais, como o Twitter e o Facebook, celulares e smartphones. O programa BlackBerry Messenger (BBM), que permite o envio gratuito de mensagens codificadas (impedindo o rastreamento pela polícia), foi a “arma” mais eficaz dos ingleses. O uso de novas tecnologias vem ganhando destaque entre as populações mais jovens em revoltas como a chamada “primavera árabe”, em curso em países no Oriente Médio desde o começo do ano.

A reação do governo britânico foi reforçar a segurança em regiões mais críticas com 16 mil policiais. No Parlamento, um debate entre partidos tentou explicar as causas da violência. Para o primeiro-ministro David Cameron, os tumultos foram causados por gangues de jovens e ladrões oportunistas, sem qualquer intenção política ou conotação social.
 

Globalização

Para especialistas, entretanto, existem outras explicações para o caos nas ruas de Londres, de cunho econômico, social e étnico.

O processo de globalização, dizem, ao mesmo tempo em que conectou as finanças e os mercados mundiais, relegou classes desprivilegiadas na Europa, sem acesso a bons empregos e às comodidades do capitalismo moderno.

Em vários países europeus, nos bairros de minorias étnicas e imigrantes, com altos índices de desemprego e criminalidade, as famílias vivem na dependência do Estado de bem-estar social.

Essas regiões se tornam, por vezes, cenários de violentos protestos. Foi o que ocorreu, por exemplo, em 2005 na França. Uma série de revoltas promovidas por jovens de origem muçulmana do Norte da África durou dois meses e levou o governo a decretar estado de emergência em Paris.

A crise econômica internacional de 2008, que afetou a Europa, teria agravado a situação da população mais carente. Para enfrentar a crise, o governo britânico adotou medidas de austeridade que atingiriam famílias beneficiadas com programas do Estado, nas quais jovens já conviviam com a falta de perspectivas de emprego. Em países como Grécia e Espanha, também afetados pela recessão, estudantes foram às ruas para protestar contra o governo.

Outro fator apontado é o abuso da Polícia Metropolitana. Um dos casos mais conhecidos foi o assassinato do brasileiro Jean Charles de Menezes, em 2005. Ele foi confundido com terrorista pela polícia no metrô, duas semanas após um atentado que vitimou 52 pessoas.

Tottenham, onde começaram os protestos, possui uma das maiores populações de imigrantes da África e do Caribe. A comunidade vive em constante tensão com a polícia, o que já motivou distúrbios em 1985.

A polícia e o governo estão corretos a respeito da participação de criminosos comuns e gangues nos tumultos na capital. Porém, não há como desprezar os problemas econômicos, culturais e sociais que estão enraizados em bairros da periferia, à espera de soluções por parte da comunidade europeia.
 
Direto ao ponto volta ao topo
Entre os dias 6 e 10 de agosto, tumultos tomaram conta das ruas de Londres e outras cidades da Grã-Bretanha. Grupos de jovens atearam fogo em prédios e veículos, saquearam lojas e enfrentaram a polícia com bombas caseiras. Foram os mais graves desde os distúrbios ocorridos em Brixton, em 1995.

A onda de violência deixou cinco mortos. Milhares de pessoas foram detidas e mais de mil suspeitos indiciados por crimes. O estopim foi a morte de Mark Duggan, um homem negro de 29 anos, no dia 4 de agosto. Ele foi morto a tiros por policiais em uma abordagem de rotina no bairro de Tottenham, região norte. Logo após, começaram os protestos e atos de vandalismo, que se espalharam por outras regiões.

O governo aponta a ação de gangues e ladrões oportunistas. Especialistas, entretanto, acreditam em outras causas, como a tensão étnica, a violência policial, o desemprego e medidas de austeridade para conter os efeitos da crise econômica.

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