Exemplo de movimentos sociais
Em linhas gerais, o conceito de movimento social se refere à ação
coletiva de um grupo organizado que objetiva alcançar mudanças sociais
por meio do embate político, conforme seus valores e ideologias dentro
de uma determinada sociedade e de um contexto específicos, permeados por
tensões sociais. Podem objetivar a mudança, a transição ou mesmo a
revolução de uma realidade hostil a certo grupo ou classe social. Seja a
luta por um algum ideal, seja pelo questionamento de uma determinada
realidade que se caracterize como algo impeditivo da realização dos
anseios deste movimento, este último constrói uma identidade para a luta
e defesa de seus interesses. Torna-se porta-voz de um grupo de pessoas
que se encontra numa mesma situação, seja social, econômica, política,
religiosa, entre outras. Gianfranco Pasquino em sua contribuição ao Dicionário de Política (2004)
organizado por ele e por Norberto Bobbio e Nicolau Mateucci, afirma que
os movimentos sociais constituem tentativas – pautadas em valores
comuns àqueles que compõem o grupo – de definir formas de ação social
para se alcançar determinados resultados.
Por outro lado, conforme aponta Alain Touraine, Em defesa da Sociologia (1976),
para se compreender os movimentos sociais, mais do que pensar em
valores e crenças comuns para a ação social coletiva, seria necessário
considerar as estruturas sociais nas quais os movimentos se manifestam.
Cada sociedade ou estrutura social teria como cenário um contexto
histórico (ou historicidades) no qual, assim como também apontava Karl
Marx, estaria posto um conflito entre classes, terreno das relações
sociais, a depender dos modelos culturais, políticos e sociais. Assim,
os movimentos sociais fariam explodir os conflitos já postos pela
estrutura social geradora por si só da contradição entre as classes,
sendo uma ferramenta fundamental para a ação com fins de intervenção e
mudança daquela mesma estrutura.
Dessa forma, para além das instituições democráticas como os partidos,
as eleições e o parlamento, a existência dos movimentos sociais é de
fundamental importância para a sociedade civil enquanto meio de
manifestação e reivindicação. Podemos citar como alguns exemplos de
movimentos o da causa operária, o movimento negro (contra racismo e
segregação racial), o movimento estudantil, o movimento de trabalhadores
do campo, movimento feminista, movimentos ambientalistas, da luta
contra a homofobia, separatistas, movimentos marxista, socialista,
comunista, entre outros. Alguns destes movimentos possuem atuação
centralizada em algumas regiões (como no caso de movimentos separatistas
na Europa). Outros, porém, com a expansão do processo de globalização
(tanto do ponto de vista econômico como cultural) e disseminação de
meios de comunicação e veiculação da informação, rompem fronteiras
geográficas em razão da natureza de suas causas, ganhando adeptos por
todo o mundo, a exemplo do Greenpeace, movimento ambientalista de forte
atuação internacional.
A existência de um movimento social requer uma organização muito bem
desenvolvida, o que demanda a mobilização de recursos e pessoas muito
engajadas. Os movimentos sociais não se limitam a manifestações públicas
esporádicas, mas trata-se de organizações que sistematicamente atuam
para alcançar seus objetivos políticos, o que significa haver uma luta
constante e em longo prazo dependendo da natureza da causa. Em outras
palavras, os movimentos sociais possuem uma ação organizada de caráter
permanente por uma determinada bandeira.
Paulo Silvino Ribeiro
Colaborador Brasil Escola
Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
Mestre em Sociologia pela UNESP - Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"
Doutorando em Sociologia pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
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