Vamos fazer uma rápida comparação entre dois carros "nacionais" que também foram testados na Europa. O VW Fox e o Peugeot 207. Infelizmente não há como fazer uma comparação 100% eficaz por dois motivos. O primeiro é óbvio. O Peugeot 207 nacional, nada mais é, do que o 206 com faróis enormes. O 207 europeu é um carro completamente diferente do nosso. Mas ainda assim podemos comparar os resultados.
O segundo motivo é ainda mais óbvio. Não existe uma entidade no Brasil, como a EuroNCAP. Apesar de a Latin NCAP ter feito alguns testes no país, foram poucos os modelos testados. Infelizmente, os dados apresentados sobre o VW Fox, são insuficientes para compararmos o modelo vendido aqui com o vendido na Europa. Mas tomemos como base o crash test feito pela EuroNCAP.

Por que um carro europeu, fabricado no ano 2000, é mais seguro que um carro brasileiro fabricado em 2012? Se a plataforma e a estrutura são as mesmas, o que faz o 207 receber uma nota tão baixa? Assim como no Fox, a estrutura do 207 no Brasil parece ter sido empobrecida para baratear os custos.
No Brasil, além do Fox e do 207 serem versões pioradas, eles não contam com um item de série essencial: o airbag. Os dois carros testados pela Euro NCAP, tanto o 206 (nosso 207) quanto o Fox, possuem airbag duplo. Item, que até este ano, era raro nos dois modelos aqui no Brasil. No Fox, nem o cinto de três pontas, traseiro, estava presente em todas as versões. Até pouco tempo, para equipar um Fox com os equipamentos mínimos de segurança exigidos pelo padrão europeu, o brasileiro teria que pagar aproximadamente 2.500 euros, o equivalente a 6.200 reais. Hoje o Fox já conta com cinto de segurança traseiro de três pontas de série, mas airbag e ABS continuam como opcionais.

E quanto à estrutura do Fox? Recebeu melhorias para se adequar ao padrão europeu? Infelizmente não há dados suficientes para se ter uma resposta. E o 207 nacional, por que, mesmo equipado com airbag, recebeu uma das piores notas no crash test? Como podemos ter certeza de que os carros produzidos no Brasil terão a sua estrutura no padrão dos europeus? A única certeza que temos é de que para o Governo Brasileiro, para a Volkswagen, para a Peugeot e outras marcas, a vida dos brasileiros vale menos.
Os resultados do crash test deveriam ser informados pelas concessionárias, deveriam constar nos manuais dos carros e nos sites das montadoras. Se o governo não quer restringir a venda de carros inseguros no Brasil, que dê, ao menos, ao consumidor brasileiro, a opção de escolher o (comprovadamente) mais seguro. Obrigar as montadoras a equipar seus carros com airbags e ABS não é suficiente se a estrutura é frágil.
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