quinta-feira, 27 de setembro de 2012

POR QUE A VIDA DO BRASILEIRO VALE MENOS?

quinta-feira, 27 de setembro de 2012
Com a globalização tomando conta do mercado automobilístico brasileiro, o leitor deve estar eufórico em relação ao futuro do mercado interno. Não deveria ficar. Alguns carros nacionais, por mais que sejam parecidos com os europeus, são bastante inferiores. Não só no acabamento e tecnologia, mas também na segurança.


Vamos fazer uma rápida comparação entre dois carros "nacionais" que também foram testados na Europa. O VW Fox e o Peugeot 207. Infelizmente não há como fazer uma comparação 100% eficaz por dois motivos. O primeiro é óbvio. O Peugeot 207 nacional, nada mais é, do que o 206 com faróis enormes. O 207 europeu é um carro completamente diferente do nosso. Mas ainda assim podemos comparar os resultados.

O segundo motivo é ainda mais óbvio. Não existe uma entidade no Brasil, como a EuroNCAP. Apesar de a Latin NCAP ter feito alguns testes no país, foram poucos os modelos testados. Infelizmente, os dados apresentados sobre o VW Fox, são insuficientes para compararmos o modelo vendido aqui com o vendido na Europa. Mas tomemos como base o crash test feito pela EuroNCAP.

O resultado obtido pela Latin NCAP, do Peugeot 207, foi um dos piores possíveis. Mesmo equipado com airbag duplo, o carro recebeu apenas duas estrelas em cinco. Se compararmos o crash test feito pela EuroNCAP com o Peugeot 206, ano 2000, o resultado é muito superior ao 207 vendido no Brasil, recebendo quatro estrelas em cinco.

Por que um carro europeu, fabricado no ano 2000, é mais seguro que um carro brasileiro fabricado em 2012? Se a plataforma e a estrutura são as mesmas, o que faz o 207 receber uma nota tão baixa? Assim como no Fox, a estrutura do 207 no Brasil parece ter sido empobrecida para baratear os custos.

No Brasil, além do Fox e do 207 serem versões pioradas, eles não contam com um item de série essencial: o airbag. Os dois carros testados pela Euro NCAP, tanto o 206 (nosso 207) quanto o Fox, possuem airbag duplo. Item, que até este ano, era raro nos dois modelos aqui no Brasil. No Fox, nem o cinto de três pontas, traseiro, estava presente em todas as versões. Até pouco tempo, para equipar um Fox com os equipamentos mínimos de segurança exigidos pelo padrão europeu, o brasileiro teria que pagar aproximadamente 2.500 euros, o equivalente a 6.200 reais. Hoje o Fox já conta com cinto de segurança traseiro de três pontas de série, mas airbag e ABS continuam como opcionais.


E quanto à estrutura do Fox? Recebeu melhorias para se adequar ao padrão europeu? Infelizmente não há dados suficientes para se ter uma resposta. E o 207 nacional, por que, mesmo equipado com airbag, recebeu uma das piores notas no crash test? Como podemos ter certeza de que os carros produzidos no Brasil terão a sua estrutura no padrão dos europeus? A única certeza que temos é de que para o Governo Brasileiro, para a Volkswagen, para a Peugeot e outras marcas, a vida dos brasileiros vale menos.

Os resultados do crash test deveriam ser informados pelas concessionárias, deveriam constar nos manuais dos carros e nos sites das montadoras. Se o governo não quer restringir a venda de carros inseguros no Brasil, que dê, ao menos, ao consumidor brasileiro, a opção de escolher o (comprovadamente) mais seguro. Obrigar as montadoras a equipar seus carros com airbags e ABS não é suficiente se a estrutura é frágil.

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